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Identidade autossoberana: entenda o que é e seus benefícios

Alan Faleiro

May 21, 2024
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Um grande número de credenciais de acesso para lembrar, os seus dados confiados a terceiros e um ecossistema mais propenso à ocorrência de fraudes de identidade. Esses são alguns dos problemas enfrentados no atual modelo de verificação de identidade e que podem ser superados com a implementação da chamada Self Sovereign Identity (SSI) ou, em tradução para o português, identidade autossoberana.

Para você entender melhor do que estamos falando, este blog chega para esclarecer o que é essa tecnologia, quais são os seus benefícios e como ela pode impactar o futuro do mercado de identidade. A expectativa é que ela contribua para caminharmos na direção de um modelo de identidade digital descentralizada, com uma menor centralização dos dados e maior controle do usuário sobre as suas credenciais. Siga com a leitura e confira!

Os problemas do modelo atual de identidade

As credenciais de identificação física (documentos físicos) e as credenciais digitais que utilizamos para login e acesso aos mais diferentes serviços trouxeram avanços significativos à sociedade no que se refere à identificação pessoal. Contudo, hoje, esse modelo enfrenta alguns desafios, que exploraremos na sequência e que nos abrem espaço para pensarmos no próximo passo da identificação pessoal no atual cenário de economia digital.

No caso das credenciais de identificação física, elas são concedidas a partir de um processo burocrático e há o risco dos documentos serem fraudados. Além disso, não podem ser consideradas privadas, pois há a constante necessidade de compartilhá-las com terceiros, que extraem as suas informações e assumem a responsabilidade de geri-las.

De um modo semelhante, esse problema se repete com as credenciais de identificação digital atuais, normalmente compostas por um nome de usuário e senha, mas também envolvendo o fornecimento de uma série de outras informações pessoais durante o processo de abertura de uma conta, incluindo fotos da face do usuário e de um documento de identidade.

Igualmente, transferimos a responsabilidade de gestão e cuidado dos nossos dados para terceiros. Além disso, essa forma de identificação traz dificuldades ao usuário, que precisa guardar e/ou lembrar de diferentes nomes de usuário e senhas no decorrer da vida. Aqui, vale lembrar que sempre fazer uso de um mesmo nome de usuário e senha não é uma opção, pois se trata de uma prática insegura.

É por essas e outras razões que se constata uma necessidade de se repensar o atual modelo de credenciais físicas e digitais. Um caminho pode ser justamente a chamada identidade autossoberana, cujas características e benefícios vamos apresentar em mais detalhes no próximo tópico. 

Conheça a identidade autossoberana: a evolução da identificação digital

A identidade autossoberana pode ser definida com um terceiro modelo de identidade e/ou a evolução da identificação digital. Seu surgimento só foi possível a partir da tecnologia de blockchain, identificadores descentralizados e credenciais verificáveis. 

Trata-se de um modelo de documentação portátil, privado e seguro. A nomenclatura “autossoberana” não é por acaso. Refere-se a uma identidade que você possui e só você decide com quem vai compartilhá-la. 

Neste modelo de identidade, seus dados ficam concentrados numa carteira de identidade digital pessoal (por exemplo: um aplicativo móvel) e há a possibilidade de você compartilhar apenas aquelas credenciais que são realmente necessárias, sem revelar todos seus dados de uma só vez.

Como resultado, nesse modelo, o mais comum é que as chaves criptográficas sejam armazenadas de forma segura em carteiras digitais acessíveis por meio de um aplicativo, permitindo controle sobre quais informações compartilhar e com quem compartilhá-las. 

Nesse sistema, três atores desempenham papéis fundamentais: o emissor, o usuário e o verificador. 

  • Emissor: é responsável por emitir credenciais verificáveis ou registros que serão apresentados pelo usuário. Essas credenciais podem ser, por exemplo, diplomas, certificados, identidades digitais, entre outros. O emissor utiliza a tecnologia blockchain para criar uma prova criptografada e imutável dessas credenciais.
  • Usuário: armazena as credenciais emitidas pelo emissor em sua carteira digital descentralizada. A carteira é protegida por criptografia e controlada exclusivamente pelo usuário. Ele pode decidir quais informações compartilhar e com quem compartilhá-las. Essa abordagem dá ao usuário maior controle sobre sua identidade e evita a concentração de dados em uma única entidade centralizada.
  • Verificador: é o terceiro ator e tem a função de verificar a autenticidade e validade das credenciais apresentadas pelo usuário. O verificador possui uma chave pública, que é usada para verificar a prova criptográfica das credenciais. Essa verificação pode ser feita de forma completa, onde todas as informações são compartilhadas, ou de forma compartimentada, onde apenas os dados relevantes para a validação são divulgados.

Todas as interações entre os atores são registradas em uma rede blockchain, que é um livro-razão distribuído e imutável. Isso garante a transparência e a integridade do sistema, tornando-o resistente a fraudes e adulterações. Além disso, a descentralização da identidade digital elimina a necessidade de intermediários centralizados, reduzindo os riscos de violação de dados pessoais.

É um sistema de gerenciamento de identidade que diminui o controle das organizações sobre os dados pessoais dos usuários, reduzindo a burocracia e os custos com o gerenciamento de dados. Enquanto para os usuários, ele representa a possibilidade de obter mais privacidade e segurança.

Confira também: neste vídeo, o consultor do Comitê Antifraude e Gestão de Risco da camara-e.net, Gerson Rolin, explica o conceito de identidade autossoberana: 

O tema também esteve em pauta na primeira edição do Identity Day, realizado pela Caf em 2023. Confira o que Marcelo Garcia (Mastercard) comenta sobre a importância da identidade autossoberana para a independência do usuário. Ele também alerta sobre a necessidade de se criar um processo que garanta a mesma segurança para as empresas. Ouça:

O fato é que já existem muitos estudos e projetos ao redor do mundo para a implantação de um modelo de identidade autossoberana, contudo, eles ainda esbarram na ausência de uma perspectiva legal e regulatória. Apesar disso, muitas são as apostas de que este será o modelo de identidade a ser aplicado no futuro, permitindo acessos sem senhas e sem comprometer a segurança, com o usuário fazendo uso de apenas uma carteira digital para armazenar todas as suas informações.

Será que vamos demorar para ver esse tipo de tecnologia avançar e chegar no Brasil? Nós apostamos que não!

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